Mostrando postagens com marcador Alimentação para crianças. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alimentação para crianças. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 11 de maio de 2010

O mundo infantil e a alimentação



O mundo de Maria
(adaptado por Ana Flávia Máximo)

Era uma família pequena: Maria – uma linda menininha de 6 anos, Carlos - o pai e Karina – a mãe. Tinham os mesmos problemas que toda família normal tem: uma criança com dificuldades para se alimentar, papai e mamãe ocupadíssimos, etc, etc.
Toda a noite era a mesma coisa:
- Maria, o que você gostaria de jantar? Perguntava Karina.
- Pizza! Dizia Maria, radiante.
É muito difícil, mas Maria sempre quer comer pizza no jantar. Karina já não sabe o que fazer, está muito cansada de um dia inteiro de trabalho e acaba cedendo. Tudo estaria bem se a menina deixasse acrescentar outros alimentos como: brócolis, tomate, pimentão, escarola ou rúcula...Mas, nada, ela sempre argumenta:
- Nada de “verdinhos”, eu não gosto, eca!
Um dia Karina estava conversando com Carlos sobre essa situação e na hora do jantar ele teve uma idéia fantástica:
- Ei Maria!Disse ele, vamos fazer uma colagem em nosso jantar hoje!
- O que é uma colagem, papai? Perguntou Maria, muito curiosa.
- Pegamos alimentos de várias cores e assim fazemos um desenho bem legal em cima da pizza, o que você acha?
- Muito divertido!
Karina, aliviada, pegou massas prontas de pizza na geladeira e vários alimentos: brócolis, rúcula, tomate, milho, azeitona, frango desfiado, cenoura ralada e milho cozido. Cada um fez o desenho: um palhaço, uma flor e um jardim. Maria fez o palhaço da seguinte maneira: as azeitonas viraram os olhos; o tomate - a boca; a cenoura o contorno da boca; um tomate cereja, daqueles pequenininhos, virou o nariz; o frango – um bigode imenso; e o brócolis – uma peruca muito divertida. Quando todos terminaram Maria notou que no jardim do papai faltava a cenoura, e perguntou porque:
- Não tem lugar para a cenoura na minha colagem filha. Respondeu Carlos, ela achou meio estranho, pois sabe que existem flores laranjas, mas como a brincadeira tinha dado muita fome, resolveu comer logo.
Naquela noite jantaram lindas colagens em pizzas, na noite seguinte fizeram colagens em pratos cheios de macarrão e na próxima no arroz com feijão. Quando se deram conta Maria estava comendo de tudo, tinha conseguido uma atenção saudável dos seus pais.

E aí o que acharam da estória da Maria e sua família? Na verdade, o início dela se repete na maioria das casas que conhecemos: mãe e pai exaustos e uma criança que não come bem,
Todos nós nos preocupamos com a alimentação dos nossos filhos, e isso realmente é o correto. O problema é que vejo pais muito incomodados com as quantidades ingeridas e não com a qualidade. No consultório é muito comum pais desesperados com a quantidade que o filho está ingerindo e nas suas angústias acabam estimulando o consumo das guloseimas “Pelo menos é um pouco de caloria, doutora!” Caminho errado pessoal!
As crianças precisam de calorias para crescer, mas não é só. Proteínas, gorduras vegetais, vitaminas e sais minerais são imprescindíveis para o desenvolvimento físico e neurológico, e normalmente não são encontrados nos pacotes de salgadinhos, doces e refrigerantes.
Da historinha que lemos podemos tirar algumas dicas:
- faça como “Carlos” e se esforce um pouquinho para entrar no mundo lúdico do seu filho, pode ter certeza que terá um efeito melhor que chantagens, trocas, castigos, ameaças, permissividade, passividade, etc...
- respire fundo, várias vezes se for o necessário, assim é possível manter um ambiente agradável na hora das refeições.
- Karina, Carlos e Maria jantam juntos todos os dias. Procure reunir a família em volta de uma mesa para pelo menos 1 refeição do dia. Não se esqueça: televisão desligada, o foco é o alimento.
- deixe os salgadinhos, guloseimas e refrigerantes apenas para os fins de semana. Um sanduíche ou uma pizza caseira é sempre uma boa opção, assim você pode colocar verduras e fazer um suco natural.
- preste atenção na sua alimentação. Se você ainda não observou, pode ter certeza que o seu filho já, e não adianta insistir para que ele coma algo que VOCÊ não come.
- você não gosta de rotina? Que tédio não é? Mas, crianças se sentem muito mais seguras quando sabem exatamente qual é o próximo passo, estipule horários e locais para as refeições. No começo
será difícil, mas depois, acredite, a criança ficará mais calma e até terá mais apetite.
- os alimentos essenciais para a saúde, crescimento e desenvolvimento do seu filho são: leite e derivados; carne, aves, peixes e ovos; frutas, legumes e hortaliças; cereais integrais, leguminosas (grãos), arroz integral de preferência, pão integral. Tudo na forma mais natural possível.
-os alimentos podem ser divididos em construtores, energéticos e reguladores. Uma boa refeição tem pelo menos 1 representante de cada grupo.
- no mais, amor, amor, amor, quanto mais, melhor.

domingo, 2 de maio de 2010

Alimentação Saudável para os alunos do 5o ano C

Em homenagem aos alunos do 5o ano C do Ensino Fundamental da Escola La Salle de Águas Claras.

Vamos relembrar o que vimos na sala:

Alimentos energéticos: são os alimentos que nos dão energia para brincar, correr, nadar, jogar futebol, estudar, arrumar a cama depois que acordar, ajudar a lavar banheiro, ler, olha que legal precisamos de energia para comer e processar os alimentos para transformá-los em nutrientes, levar o cachorro para passear, ajudar a lavar louça, fazer o dever de casa e muito mais. Precisamos de energia para tudo, inclusive para aquilo que fazemos no banheiro. Exemplos de alimentos que dão energia estão na base da pirâmide alimentar: pães, arroz, macarrão, granola todos integrais de preferência (lembram por quê?), batata, mandioca,milho, etc.
Alimentos reguladores: são os alimentos ricos em vitaminas e minerais. Esse grupo de nutrientes é super importante, pois regulam o funcionamento do nosso corpo, sem eles não conseguimos construir nossas células (lembra do cimento na parede?) e nem fabricar energia (o óleo que permite o motor do carro utilizar a gasolina para fabricar energia). Exemplos de alimentos que regulam o nosso organismo estão logo acima dos energéticos na pirâmide alimentar, são as verduras, os legumes e as frutas.
Alimentos construtores: são os alimentos ricos em nutrientes que formam as células, constroem as células. Exemplos de alimentos que constroem estão logo acima dos alimentos reguladores na pirâmide alimentar. São as carnes, leite, ovos, queijo, feijões, frango e peixe.

Lá no topo da pirâmide temos os óleos vegetais que são alimentos importantes para várias funções, mas devem ser consumidos em poucas quantidades. E também temos os alimentos digamos assim, "destruidores", que são ricos em açúcar, gorduras que entopem nosso sistema circulatório, alimentos muito industrializados e assim por diante que só deveriam ser consumidos muito de vez em quando, caso o contrário, cai tudo (lembram?).

Abraços Ana

terça-feira, 13 de abril de 2010

Zinco e a criança que não come




Existem várias razões que levam as crianças a ficarem muito seletivas e até não comer de verdade, mas nessa postagem vamos falar um pouco sobre deficiência de zinco.


O zinco é um mineral componente estrutural e/ou funcional de várias metaloenzimas (catalisadores de reações químicas) e metaloproteínas. Participa de muitas reações do metabolismo celular, incluindo processos fisiológicos, tais como função imune, defesa antioxidante, crescimento e desenvolvimento.


Um trabalho publicado em 1999 demonstrou que dos 18 pacientes com deficiência de gustin-anidrase carbônica VI (gustin/CAVI) na saliva associada com a perda do paladar (hipogeusia), do olfato e distorção do paladar quando tratados com 100mg de zinco por 4 a 6 meses, 10 destes tiveram melhora do quadro. Isso porque a gustin/CAVI é zinco dependente. Os resultados ainda sugeriram a hipótese de que a gustin/CAVI é um fator que promove o crescimento das papilas gustativas. Em 2006, outro trabalho demonstrou que a deficiência de zinco é um fator preponderante subjacente na alteração do paladar e pode-se supor que pacientes com insuficiência do gosto pode ter baixa ingestão de zinco e/ou má-absorção de zinco na dieta.


O que me leva (eu, Ana Flávia) a crer que a criança que não come e/ou é muito seletiva em relação a legumes, verduras e frutas (sabores bem intermediários, onde não se acentua nem o doce nem o salgado) pode sim ter deficiência de zinco. A minha experiência clínica em muitos casos mostrou que isso é verdadeiro pois: uma parte dessas crianças difíceis para comer tinha um sinal de deficiência de zinco (manchas brancas nas unhas), também não faziam ingestão adequada dos alimentos fontes e quando suplementadas com zinco a melhora do “não comer determinados grupos de alimentos” foi importante.


As melhores fontes de zinco são os mariscos, ostras, carnes vermelhas, fígado, miúdos e ovos. Nozes e leguminosas são fontes relativamente boas de zinco. Importante dizer que a absorção de zinco pode ser muito prejudicada quando na mesma refeição estão presentes: leite e seus derivados, fitatos e farinha de trigo. Significa que comer um belo prato de macarrão com mariscos ou com carne moída e de sobremesa queijo com goiabada, altera a absorção do zinco mesmo quando ingerimos suas principais fontes.


Fontes: Cozzolino e Mafra, Rev. Nutr. Campinas 17(1):79-87 , 2004
Henkin, Martin e Agarwal, Am J. Med Sci., 318(6): 392-405, 1999
Ueda et al., Auris Laringe Nasus, 33(3): 283-288, 2006