sábado, 23 de janeiro de 2010

Vovó Hilda

Peço licença hoje a vocês, pois essa postagem nada tem haver com a nutrição. É uma homenagem a uma pessoa que se foi essa semana, era para ser algo bem pessoal apenas eu e ela, mas por algum motivo estou com vontade de publicar.


Vovó Hilda,

Toda vez que encontro a morte é um choque, por mais certa que seja.

De alguma forma acho que é para todos.

Por mais que saibamos que essa hora chegará, persistimos na crença que somos todos eternos.

Avaliamos o que fizemos e, principalmente, o que não fizemos.

Enquanto o morto vivo esquecemos que aquele momento único pode também ser o último.

Mas, falando de Hilda, você vovó foi a mulher. Fez por nossa família coisas intangíveis. Quando paro para pensar e vejo o quanto lutou pelos seus filhos, o quanto trabalhou.

Uma mulher desbravadora em plena década de 30 já trabalhava, contra todas as convenções sociais rígidas de uma época inteira. Mostrou aos seus filhos que estudar era essencial em tempos que filhos eram apenas mão de obra barata.

Viu duas Grandes Guerras Mundiais.

Assistiu a Ditadura Militar virar democracia.

Enfrentou por três vezes a dor que mãe alguma agüentaria.

Agradeço a senhora por ser a mulher que sou hoje.

Agradeço por ter sido minha avó, mesmo sem o ser, com tanto desapego.

Agradeço por ter me mostrado que pode-se ir muito longe e somos sim capazes de tudo.

Só não vencemos a morte do nosso corpo.

Agradeço a Deus por ter permitido sua presença entre nós e em nós.

Peço a Deus que nos permita passar o mesmo para os nossos. Assim, posso chegar ao final acreditando que será eterna sim, em cada um de nós.

Somos eternos sim, no amor que construímos no decorrer de nossas vidas. Esse nunca morre.

O seu coração cansado, vovó, parou, mas ainda bate dentro de cada um dos seus.

Obrigada por tudo vovó.



Ana Flávia